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À saída da reunião, opiniões entre patrões e sindicatos dividem-se

A UGT e a CGTP terminaram a reunião de Concertação Social insatisfeitas com o rumo das conversações com o Governo para o Orçamento do Estado de 2020, mas a CIP considera que o caminho está "a ser sinalizado".

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Em declarações aos jornalistas no final da reunião de Concertação Social, o secretário-geral da UGT, Carlos Silva, falou em "desilusão" e lembra que não poderão ser só as empresas a ser beneficiadas e garantiu que as medidas apenas incidirem sobre a competitividade e "se não melhorarem os salários a UGT não estará disponível" para assinar o acordo.

"O Governo está mais preocupado em pôr a economia à frente do social", esquecendo-se de que os rendimentos da classe média precisam de crescer, lamentou.

"Empurrar com a barriga para a frente com a promessa de que o IRS vai melhorar em 2022 não me parece justo", acrescentou o líder da UGT, referindo que o Governo "deveria ir mais além, sobretudo na classe média".

Como exemplo, Carlos Silva falou na criação de novos escalões de IRS e na melhoria das taxas intermédias, que só deverão acontecer a meio desta legislatura.

Da CGTP, Arménio Carlos começou por dizer que houve "subversão do discurso" e que o Governo apenas está a olhar para os empresários e para o financiamento das empresas, quando deveria "tratar do aumento dos salários".

"Há muitas medidas para a parte patronal", disse.

Do lado dos patrões, o presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), António Saraiva, mostrou-se satisfeito com as medidas sinalizadas pelo Governo, nomeadamente ao nível dos lucros reinvestidos, tributações autónomas e medidas para as PME (pequenas e médias empresas).

"Não vamos conseguir tudo em 2020, mas o caminho está sinalizado", disse António Saraiva, acrescentando: "Gradualmente, orçamento após orçamento, vamos obter ganhos".

"Temos que crescer sustentadamente no rendimento, crescendo na competitividade", afirmou aos jornalistas no final da reunião.

Já João Vieira Lopes, da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), esteve um pouco menos otimista, reconhecendo que, apesar de o Governo "ter assumido algumas posições", a estrutura já teve "grandes desilusões em anos anteriores".

"Os avanços foram tímidos", disse João Vieira Lopes.

A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, afirmou hoje que os parceiros sociais concordam "em várias áreas" que irão fazer parte do acordo de médio prazo sobre competitividade e rendimentos.

"Hoje sinalizamos o facto de os parceiros estarem de acordo sobre as varias áreas que poderão fazer parte do acordo", disse a governante à margem da reunião de Concertação Social.

De acordo com a ministra, a questão do aumento da capacidade fiscal dos agregados familiares, a valorização das famílias que tenham filhos, a qualificação e a formação dos trabalhadores e a simplificação foram algumas das medidas "que foram sinalizadas para terem algum sinal em sede de OE [Orçamento do Estado] 2020".

À saída da reunião, que prosseguiu com a preparação do Conselho Europeu, com a presença do primeiro-ministro, Ana Mendes Godinho reafirmou aos jornalistas que o Governo quer concluir o acordo de rendimentos e competitividade no primeiro trimestre de 2020.

O Governo e os parceiros sociais voltaram hoje a discutir na Concertação Social o acordo de médio prazo sobre competitividade e rendimentos.

A reunião, que inicialmente tinha como ponto único a preparação do Conselho Europeu dos dias 12 e 13, com a presença do primeiro-ministro, António Costa, acabou por ser alargada ao acordo sobre competitividade e rendimentos.

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