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Pirâmides e outras fraudes financeiras afetam um em cada dez brasileiros, diz pesquisa do SPC

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Esquemas que prometem retornos rápido do capital investido, sem precisar entender de investimento. Essa fórmula tentadora costuma esconder esquemas de pirâmides e outras fraudes financeiras, que já afetaram 11% dos brasileiros.

É o que mostram dados revelados a partir do levantamento “Fraudes em Investimentos no Brasil”, conduzido pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com o Sebrae.

A pesquisa ouviu 917 pessoas residentes em todas as capitais do país, homens e mulheres, com idade igual ou maior a 18 anos, das classes econômicas A, B e C (excluindo analfabetos), entre maio e junho deste ano, por meio da internet.

As pirâmides financeiras respondem por mais da metade dos esquemas fraudulentos (55%, segundo a pesquisa). Em seguida aparecem golpes de seguradora com pagamento antecipado de taxas e/ou despesas (19%) e fraudes com ações ou fundos de aposentadoria (16%).

No caso das pirâmides, as principais vítimas são homens (58,3%), pessoas na faixa de 35 e 54 anos (64,9%) e indivíduos das classes A e B (59,9%).

Cerca de 44% dos entrevistados afirmado terem caído nos golpes iludidos pelo suposto alto retorno do dinheiro aplicado. Outros 36% se disseram atraídos pela promessa de “não ser necessário entender de investimentos para investir”.

A entrada dos afetados nos esquemas golpistas é feita em geral por consultores autônomos não registrados ou licenciados (43%), amigos ou parentes (29%) ou por membros de grupo ou organização à qual o investidor lesado pertence (26%).

Prejuízos permanentes

Foi vítima de um esquema financeiro fraudulento e pensa em recuperar o dinheiro? Infelizmente os dados da pesquisa mostram uma realidade pouco animadora.

Seis em cada dez afetados pelos golpes (62%, para ser mais exato) não conseguiram reaver o investimento.

Desses, 35% já desistiram do ressarcimento do investimento e outros 27% ainda alimentam esperanças de atenuar o prejuízo. Outros 38% alegam ter conseguido recuperar ao menos parte do dinheiro.

Na tentativa de acumular ganhos rapidamente, investidores aplicam economias de anos ou mesmo empenham bens como carros, motos e imóveis.

“Pirâmide financeira, falsos fundos e fraudes envolvendo investimentos sempre começam com a promessa de altos ganhos de dinheiro rápido e fácil. E esses ganhos costumam ser bem acima da média das aplicações e investimentos tradicionais”, diz o presidente da CNDL, José Cesar da Costa, em nota.

“Em todos os casos, três fatores costumam andar juntos: o excesso de confiança, a ganância ou a ingenuidade do investidor, aliada à negligência para checar a veracidade das informações, o que acaba facilitando a ação dos fraudadores”, completa Costa.

Formas de prevenção

Nunca é demais frisar: não existe milagre financeiro, e todo investimento envolve certo grau de volatilidade ou de risco.

Portanto, resistir à tentação, fugir de propostas que prometem demais e buscar informação são os principais recursos para evitar pirâmides e outros esquemas financeiros fraudulentos.

A suspeita deve ser ainda maior, segundo a pesquisa, quando são oferecidas taxas de retorno pouco usuais, muito acima das praticadas geralmente pelo mercado. Essa, inclusive, é uma das iscas favoritas das pirâmides financeiras

“O melhor meio de não cair nesse golpe é saber identificar o mecanismo de atuação: promessa de retorno rápido e muito expressivo, necessidade de pagar para fazer parte do grupo e pedidos insistentes para que o investidor convide amigos e familiares, com a contrapartida de ganhar comissão”, diz a pesquisa, que ressalta o caráter insustentável dos esquemas de pirâmide.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) costuma fazer alertas aos investidores sobre determinadas empresas e operadores suspeitos de esquemas fraudulentos, ou que não contam com autorização da autarquia para atuar.

Fui vítima. E agora?

Caso o investidor tenha sido vítima de um esquema financeiro golpista, a pesquisa recomenda a busca por ajuda especializada.

Entre os caminhos citados pela pesquisa estão: a Ouvidoria do Mercado de Valores Mobiliários da CVM; organismos de defesa do consumidor (como o Procon); e o Poder Judiciário.

No caso de operações irregulares na Bolsa, é recomendado o Mecanismo de Ressarcimento de Prejuízos (MRP), oferecido pela Bovespa e que garante até R$ 120 mil de indenização em casos de omissões ou ações criminosas de operadores.

“É fundamental verificar a procedência de corretoras, bancos e agências de investimento, se a instituição está registrada junto a CVM [Comissão de Valores Mobiliários], além de consultar o Banco Central e a B3 [empresa responsável pela Bolsa de Valores no Brasil]”, destaca Costa.