Melhoria de um lado, piora de outro

A aprovação do governo do presidente Jair Bolsonaro parou de cair, mas continua em patamares ruins para um primeiro ano de governo

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Os números da mais nova pesquisa Datafolha que mede a avaliação do governo federal não trouxeram grandes mudanças no cenário mais geral. A aprovação do governo do presidente Jair Bolsonaro parou de cair, mas continua em patamares ruins para um primeiro ano de governo. Mas na análise da atuação do Executivo por área, as coisas parecem estar chegando mais próximas do lugar em que deveriam estar, quando se analisa as ações de governo.

Não há como não destacar que a leve melhoria na avaliação sobre as políticas econômicas do governo ajudaram a frear a perda de apoio de Bolsonaro junto a seus eleitores. Embora continue sendo negativa, a avaliação melhora após o governo ao menos tentar mostrar serviço na área. A despeito de outros ministérios cujos ocupantes envolvem-se apenas em polêmicas sem qualquer resultado prático, Paulo Guedes, gostem ou não, tem alguma coisa para mostrar: conseguiu, com grande ajuda do Congresso, aprovar uma reforma da Previdência que tira um pouco da pressão sobre as contas públicas, e vê o Banco Central reduzir de forma sólida os juros. Se o desemprego segue alto, ao menos o crescimento econômico pareceu ter dado sinais melhores no terceiro trimestre. E quem conversa com o empresariado ouve que a perspectiva é de melhora consistente em 2020.
Por outro lado, a maior parte da população parece ter percebido que o ponto mais destacado por Bolsonaro durante a campanha eleitoral não recebe a mesma atenção. Muito pelo contrário. Por isso, a avaliação do governo no combate à corrupção sofre queda relevante. Agora, são 50% os que desaprovam a atuação na área, considerando ruim ou péssima, e 29% os que aprovam.

As explicações estão em toda parte: Bolsonaro não deu apoio suficiente ao pacote anticrime, passou a mão na cabeça de acusados de envolvimento em candidaturas laranjas e vê a situação se complicar no entorno de seus filhos, com forte indícios de uso de fantasmas em gabinetes e antiga prática de rachadinhas. Sem falar de um suposto envolvimento com integrantes de milícias. Além do mais, o Executivo tentou acordos no Judiciário para blindar Flávio Bolsonaro de apuração, manteve Fernando Bezerra prestigiado mesmo sendo alvo da Lava Jato, enfraqueceu o Coaf, que até mudou de nome, e interferiu de forma maléfica na Polícia e na Receita Federal. Por isso, nesse setor, a conta começa a chegar.

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