O inconsciente é soberano mas cada um tem sua percepção
Na Paulo Darzé Galeria de Arte, mostra solo de Siron Franco nomeada Miragens, até 13 de dezembro
by César RomeroSão 44 pinturas de grandes dimensões com curadoria de Thais e Paulo Darzé. O catálogo, além da reprodução de todas as obras, tem textos de Charles Cosac e de Claudius Portugal.
Nas pinturas, em sua essência, a capacidade do estranhamento do mundo real, o espanto, o mistério que o efeito criador é um fato tangível, tateável, buscando contrafazer ás imagens, desconcertando a imagem real. Há algo sobre ilusão, e a busca do decifrar. As pinturas ficam entre a abstração e a figuração, muito mais para o abstrato. Algumas telas apresentam Insinuações de figura, apenas sugestões, e um pontilhismo que atravessa a cor subjacente, algo velado, oculto que faz vibrar o corpo da cor em luminosidade, e dar ao campo do suporte uma maior ou menor incidência de luz.
Inquieto, o artista pintou assuntos diferentes como nas séries Casulos, Vestígio, Semelhantes, Peles que foi seu melhor momento, Visões, Segredos, Em nome de Deus entre outros e fixam uma forma da dar ao caótico, uma organização plástico visual. Gerando uma nova meditação para o produto artístico, estabelecendo pontes de contato entre a obra realizada e pública. Uma obra de arte vem da reflexão, do meditar, ponderar, raciocinar, ruminar até que o produtor final possa ser considerado um trabalho revelador.
Siron deixa sempre as pinturas abertas, seja para uma revisão própria, seja pela imaginação do público. O inconsciente é soberano. Mas cada um tem sua percepção de mundo e da sua verdade. Os eruditos passam por um processo penoso na elaboração de seus processos. Nas avaliações críticas, vence quem tem maior pacto com a criatividade, o inusitado. Pensar é buscar opções e fazer escolhas. E bem mais, refletir sobre o já feito, reavaliar. A obra de arte é sempre aberta a novas incursões. Todos os artistas podem mudar seus conceitos e produções no bojo do tempo. Assim atua Siron Franco, fugindo de amaras, das contenções.
As produções artísticas são um jogo em que o artista pode ganhar ou perder. Muito se aprende perdendo, e ganhar sempre é impossível.
Cada artista é refém do seu fazer, marca autoral, grafia e pensar. Siron busca transitar seus trabalhos, transfigurar, converter, até o encontro com o que considera finalizado. Siron é plural, desenhista, pintor, escultor, ilustrador e diretor de arte, mas é na pintura que ele mais se envolve. É um pintor.
Siron Franco nasceu em 25 de julho de 1947, na cidade de Goiás Velho, antiga capital do estado de Goiás. Evoluiu e se fez um dos pintores importantes do País.