Liturgia

Com a chegada do Advento, padre explica início do novo Ano Litúrgico

Tempo do Advento começa neste domingo, 1º, em preparação ao Natal

Denise Claro
Da redação

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Igreja católica inicia neste domingo, 1º, o tempo do Advento, em preparação ao Natal / Foto: Canção Nova

Neste domingo, 1º, a Igreja celebra o primeiro domingo do Advento, tempo de preparação para o Natal. Também se inicia um novo Ano Litúrgico, um novo ciclo na liturgia.

Monsenhor João Alves Guedes, padre na arquidiocese de Niterói (RJ) e autor do livro “A Centralidade do Mistério Pascal nas Celebrações Litúrgicas” explica as dimensões do Ano Litúrgico.

“Domingo agora entraremos no Ano A, ano em que entra em cena o Evangelho de Mateus. Mateus é o evangelho da Igreja que nos mostra de maneira muito forte a face humana de Jesus. Cronologicamente falando, Mateus é o primeiro evangelho. Nos outros anos, se seguem os outros evangelhos. No ano B, o ano de Marcos, e no ano C, que estamos terminando agora, o ano de Lucas. João aparece nas celebrações nesses três anos”.

O sacerdote ressalta que esta forma de classificação é uma questão de logística, é uma pedagogia da Igreja que proporciona percorrer os textos mais significativos da Palavra de Deus, de forma mais clara.

Tempos Litúrgicos

Além da classificação em A, B e C, o Ano Litúrgico é dividido nos tempos litúrgicos. Monsenhor Guedes explica que o Ano possui quatro tempos fortes: Advento e Natal, Quaresma e Páscoa.

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Calendário do ano litúrgico / Foto: Canção Nova

“No Advento e no Natal, está em evidência o Mistério da Encarnação: um Deus que se despoja do seu Ser Divino, para se apossar do nosso Humano. Na Quaresma e na Páscoa, tempo que chamamos de Ciclo Pascal. No primeiro momento, nos é dada a possibilidade de poda, de limpeza, de nova chance para que o Tríduo Pascal, quando chegar, não seja apenas um aglomerado de símbolos e sinais, mas seja a Páscoa celebrada em três dias”.

No Advento e no Natal, está em evidência o Mistério da Encarnação: um Deus que se despoja do seu Ser Divino, para se apossar do nosso Humano

O sacerdote observa que, além desses quatro tempos fortes, o restante do Ano Litúrgico é chamado “Tempo Comum”, em que se vive a fortaleza e a graça dos quatro primeiros, e a sutileza do Domingo.

“De oito em oito dias, celebramos a Páscoa semanal dos Cristãos, levando-nos a cada dia a estar com o Cristo que virá na sua Glória, com o Cristo que veio, e com o Cristo que vem. No tempo comum, celebram-se todos esses aspectos do Cristo. E vivemos também as festas de Maria e dos Santos que nos ajudam a recordar tudo isso”.

Equipe de Liturgia

O padre lembra que, atualmente, na Igreja, vive-se um tempo de grande aprofundamento na Liturgia, especialmente da parte dos leigos, e vê isso de forma positiva.

A coordenadora da liturgia da Catedral de Lorena (SP), Margarida José da Silva, explica que o trabalho das equipes nas paróquias é buscar, em todas as celebrações, realçar o que se celebra.

“Celebramos Nosso Senhor Jesus Cristo. A liturgia tem uma dignidade e deve ser muito bem celebrada. Procuramos trabalhar bastante isso. Tudo deve ser vivido com muita intensidade por nós, católicos. São os tempos litúrgicos que vão nos levar a Nosso Senhor e abrir o nosso coração”.

Margarida lembra que, nessas quatro semanas do Advento que antecedem o Natal, os católicos se preparam para receber Jesus. “Receber Jesus com alegria e lembrando que Ele voltará, não mais como menino, mas como o Senhor e Rei”.

Advento

O advento faz parte do Ciclo do Natal, composto por Advento e Natal. O período é dividido em dois grandes momentos. Nas primeiras duas semanas do Advento, a liturgia é voltada para a preparação para a Segunda Vinda de Jesus.

“A exemplo do povo da Antiga Aliança, nós vivemos a expectativa da Vinda do Senhor. Só que a diferença é que aquele povo esperava o Messias na sua primeira vinda. E nós aguardamos o Senhor na sua segunda vinda”, diz Monsenhor Guedes.

A partir do dia 17 de dezembro, inicia-se a preparação para a celebração do Natal como tal. “Jesus, que quer, hoje, fazer da nossa vida uma Belém, do nosso coração, uma gruta, e da nossa alma, um presépio, para que Ele possa renascer”.

A grande palavra deste tempo, segundo o padre, é intercâmbio, em que uma troca acontece: Jesus dá aos homens o que é essencialmente Dele, o Divino; e recebe o que é essencialmente Humano. Trava com a Igreja um pacto de amor incrivelmente forte que quer, em cada pessoa, ser uma verdadeira Epifania, um Sinal do Sagrado.

“Um tempo relativamente curto, mas extremamente condensado dessas grandes maravilhas que a liturgia da Igreja traz: Primeiro, o Cristo que virá, depois o Cristo que veio, e evidentemente, em cada dia, vivendo o Cristo que vem. O Cristo que se torna não só visível, mas também participante na pessoa do irmão com quem convivo e dos sacramentos, especialmente a Eucaristia. Para viver esse tempo maravilhoso, é necessária uma introspecção, por isso a cor roxa, que nos lembra que a Graça só acontecerá se nós deixarmos. Temos que ser este presépio, essa gruta e essa Belém”.