Flamengo rebate argumentos por torcida única contra o Palmeiras e dá opção de portões fechados à CBF

Rubro-Negro oficializa pedido para que entidade não acate recomendação do MP-SP e diz que, em último caso, jogo sem torcida seria solução dentro da legalidade


A CBF ainda não bateu o martelo, mas o Flamengo se posicionou sobre a recomendação do Ministério Público de São Paulo para que o jogo com o Palmeiras não tenha torcida visitante. A tendência é que o órgão que gere o futebol se posicione nesta sexta-feira, e o Rubro-Negro deixou clara a insatisfação.

Vice-presidente geral e jurídico, Rodrigo Dunshee de Abranches enumerou motivos para considerar a medida injusta e ilegal. As autoridades paulistas temem pela segurança do evento. Sendo assim, o Flamengo levanta a possibilidade um jogo sem torcida e não torcida única para que não seja lesado:

- Em última instância, tomando o princípio da reciprocidade e legalidade, que seja um jogo de portões fechados. Se o Palmeiras não consegue segurar a torcida deles, nem a polícia, tem que ser feito de portões fechados. Caso a CBF acate por segurança, que seja com portões fechados.

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O Flamengo já solicitou à CBF que não acate a recomendação do MP-SP. Dunshee explicou os argumentos:

- Primeiro, o regulamento do Brasileiro prevê 10% da carga aos visitantes. É o princípio da legalidade. Segundo, a questão da reciprocidade que é utilizada no futebol. No jogo do turno, eles tiveram ótimo tratamento no Rio, a polícia soube controlar e não houve incidente. Causa espanto que a torcida de São Paulo, uma estado maior e mais rico que o Rio, não possa controlar 4 mil pessoas. E terceiro por conta do futebol: as torcidas fazem parte do espetáculo.

Para o dirigente rubro-negro, o próprio procedimento tomando pelo Ministério Público foi inadequado. De acordo com Dunshee, o órgão competente para a pauta é a Justiça Desportiva e um aval da CBF abriria precedentes:

- Não adianta daqui para frente qualquer clube que mandar um ofício a CBF acatar por se sentir acuada. Qual a relação com a CBF de algum incidente na cidade de São Paulo? Não existe. Há um exagero. O MP deveria ir ao judiciário ou Justiça desportiva. Fica estranho e um privilégio para o Palmeiras. Seria uma decisão tomada por medo e não técnica.

Flamengo e Palmeiras se enfrentam domingo, às 16h (de Brasília), em São Paulo, pela 36ª rodada do Brasileirão. Campeão com 84 pontos, o Rubro-Negro tem 16 de vantagem sobre o rival e busca estabelecer novos recordes na história da competição.

NOTA OFICIAL DO FLAMENGO

O Clube de Regatas do Flamengo vem a público lamentar a decisão da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) de acatar a recomendação do Ministério Público de Estado de São Paulo (MP-SP). O órgão indicou à Federação Paulista de Futebol (FPF) que realizasse a partida entre Flamengo e Palmeiras, no Allianz Parque, pela 36ª rodada do Campeonato Brasileiro, com torcida única, proibindo venda de ingressos para a torcida rubro-negra.

O acate desta decisão representa uma desobediência das regras e princípios da competição, além de um benefício ao infrator - que jogará na presença única da torcida alviverde, podendo assim obter vantagem esportiva - e a criação de precedentes catastróficos para a organização do futebol brasileiro. A não permissão da convivência de rubro-negros e alviverdes decreta a falência da segurança pública e a morte da cultura de arquibancada do futebol brasileiro.

O Clube de Regatas do Flamengo traz à tona os seguintes argumentos:

- O artigo 86 do Regimento Geral das Competições de 2019 prevê ao clube visitante direito de adquirir a quantidade máxima de 10% da capacidade permitida ao estádio. A não permissão deste direito seria uma grave violação dos direitos dos torcedores e clubes, indo contra a natureza do espetáculo e da competição;

- Não foi respeitado o princípio da reciprocidade: no primeiro turno, o Flamengo garantiu à Sociedade Esportiva Palmeiras a carga de 10% dos ingressos para o jogo no estádio do Maracanã, tendo a Polícia Militar garantido completamente a segurança e integridade física de todas as pessoas envolvidas no evento;

- O MP-SP ou qualquer outro Ministério Público não tem legitimidade para fazer recomendações a entidades privadas. O mesmo deveria ter pleiteado tal cenário junto ao Poder Judiciário.

Considerando os fatos supracitados, o Clube irá encaminhar o pedido do MP para a Procuradoria do STJD, para que o órgão adote as medidas cabíveis. Se a Polícia Militar não se sente em condições de dar segurança a todos os envolvidos na partida, esta deveria ser realizada em outro local ou com portões fechados.

O Clube de Regatas do Flamengo reitera seu total repúdio à violência e rechaça qualquer tipo de manifestação contrária à cultura do futebol.

Conselho Diretor