Procurador do Pará é afastado após dizer que escravidão ocorreu porque ‘índio não gosta de trabalhar’
by Redação Bahia No ArDe acordo com informações da coluna de Mônica Bergamo, da Folha, foi afastado ontem (28), em sessão extraordinária do colégio de procuradores da entidade, o procurador do Ministério Público do Pará (MP-PA) Ricardo Albuquerque, que afirmou na última terça-feira (26), durante uma palestra, que “esse problema da escravidão aqui no Brasil foi porque o índio não gosta de trabalhar. Até hoje”.
“O índio preferia morrer do que cavar mina, do que plantar para os portugueses. E foi por causa disso que eles [colonizadores portugueses] foram buscar pessoas nas tribos lá na África para vir substituir a mão de obra do índio aqui no Brasil”, acrescentou o procurador, em apresentação a alunos de uma universidade que visitavam a sede da procuradoria.
Na sessão extraordinária também foi definido, por unanimidade, a instauração de um processo administrativo contra Albuquerque, que é ouvidor-geral do MP-PA.
Ricardo Albuquerque deve permanecer fora do cargo até que a investigação contra ele, aberta pela Corregedoria do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), seja concluída.
Por meio de nota, divulgada no mesmo dia da fala do procurador, o MP-PA disse repudiar as declarações de Ricardo Albuquerque e defendeu que não compactua com qualquer ato de preconceito. O órgão ainda declarou que o teor da fala de Ricardo “reflete tão somente a opinião pessoal” dele.
Já o procurador, também através de comunicado, assegurou em sua defesa que o áudio com suas declarações foi divulgado fora de seu contexto, já que o assunto era o Ministério Público como instituição “e não tinha como escopo a análise de etnias ou nenhum outro movimento dessa natureza”.