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Todas as culturas humanas parecem compartilhar a mesma “gramática” para música

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De acordo com um estudo inovador da Universidade de Harvard (EUA), parece existir uma “gramática musical universal” utilizada por todas as culturas humanas para produzir canções, sejam baladas românticas, ritmos dançantes ou canções de ninar.

Metodologia

Para tentar descobrir se havia algo de universal nas canções ou se a música variava muito entre as culturas, os pesquisadores criaram um banco de dados com 5.000 cantos e suas performances advindas de 60 sociedades humanas diferentes, em sua maioria pequenas, que os pesquisadores consideraram representativas da diversidade cultural mundial.

Em seguida, criaram um segundo banco de dados para analisar gravações de quatro tipos de canções – de ninar, de amor, de cura e de dançar – advindas de 30 regiões diferentes do mundo.

O estudo só considerou canções vocais, porque a voz é um instrumento compartilhado por todas as culturas.

Resultados

Os cientistas descobriram padrões que percorriam todas as sociedades. Para começo de conversa, todas possuíam canções.

Em segundo lugar, as canções utilizadas em contextos similares possuíam estruturas igualmente similares. Por exemplo, músicas rituais para cura eram mais repetitivas do que as dançantes, e as dançantes eram mais rápidas e rítmicas do que as de ninar.

Por fim, todas as culturas tinham melodias centradas em torno de um tom de base. Por exemplo, “Brilha brilha estrelinha” é baseada principalmente na nota C.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores pediram a especialistas em música que ouvissem as canções do estudo. Eles as classificaram como predominantemente tonais, e em seguida um algoritmo computacional previu com precisão o mesmo centro tonal apontado pelos peritos.

Universal?

“Da mesma forma que todas as línguas do mundo têm um conjunto de fonemas – todas as palavras do mundo são compostas de pequenos conjuntos de sons de fala – o mesmo ocorre com as melodias. Todas as melodias podem ser construídas a partir de um pequeno conjunto de notas. Isso sugere que há uma base biológica que é constante em todos os seres humanos, mas interpretada de maneira diferente em diferentes culturas humanas”, explicou W. Tecumseh Fitch, da Universidade de Viena (Áustria).

Um artigo sobre a pesquisa foi publicado na revista científica Science. [NewScientist]