Três anos após acidente da Chapecoense, pai de Marcelo: ‘Está muito doído’

Paulo Manoel da Silva toca projeto com o nome do filho e ainda aguarda indenização de corretora do seguro da aeronave

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Paulo Manoel criou Instituto Marcelo Augusto, nome do filho, zagueiro ex-Chape e Flamengo (Foto: Olavo Prazeres/Arquivo TM)

“Está muito doído. Ontem (quarta), por exemplo, foi ruim. Porque a gente sente saudade. E quando as coisas estão dando certo, aí que lembramos mais dele.” Há exatos três anos, o sofrimento e as lembranças do juiz-forano Marcelo – uma das 71 vítimas da tragédia aérea que envolveu a delegação da Chapecoense, jornalistas e membros da tripulação – têm se intensificado em Paulo Manoel da Silva, pai do zagueiro.

Em homenagem ao filho, Paulo criou, em 2017, o Instituto Marcelo Augusto 13, inspirado no antigo sonho do atleta em ajudar jovens da região por meio do futebol. O incômodo no peito, contudo, aumenta a cada passo do projeto. “(O sentimento) é de muita tristeza. Porque quando você faz as coisas e dá certo a gente lembra (dele). Porque está tudo no projeto. Fico sempre assim: ‘Queria que ele estivesse aqui para ver o que a gente ia fazer para o futuro’. Aí dá aquela dor. Tenho ido para a roça, ficado lá, onde tenho suportado melhor porque trabalho muito. Vou para o sítio, onde vamos fazer o Cantinho da Saudade, e conforta um pouco. Mas volto para casa e bate uma tristeza danada”, expõe.

O Cantinho da Saudade será o nome de um salão de eventos no sítio da família de Marcelo, no Distrito de Torreões, destinado a eventos do projeto de Paulo. “O Instituto está bem, mas ainda não temos recursos de prefeitura ou algo assim. Estamos lutando com as próprias mãos. Com esse projeto do sítio em Torreões, liberaram o campo de lá para trabalharmos e é isso que venho procurando, para que a gente auxilie as crianças também de forma gratuita.”

A ideia, segundo Paulo, é aproveitar a gratuidade na utilização do campo da Zona Rural de Juiz de Fora para atender, também sem custos, crianças e adolescentes da região. “Consigo ajudar a comunidade. A diretora do colégio de lá, por exemplo, mora perto da gente e é muito amiga nossa. Tem dois comerciantes lá muito amigos também e isso tudo deixa as coisas mais fáceis”, explica Paulo.

Busca por indenização

A Associação Brasileira das vítimas do acidente com a Chapecoense (Abravic), que tem Paulo como um dos integrantes, ainda trabalha pelo direito dos familiares dos acidentados no voo da LaMia, que saiu de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, com destino a Medellín, na Colômbia, mas caiu pouco antes de pousar no aeroporto José María Córdova, em 29 de novembro de 2016. Com investigação realizada, houve a conclusão das autoridades de que a queda foi motivada pela falta de combustível. Funcionários da LaMia, aeroportuários e de aviação civil foram apontados como culpados por falhas técnicas.

Paulo conta que a Chapecoense cumpriu com toda a assistência prometida nestes três anos, e que inclusive se tornou responsável pela escolinha de base da equipe em Minas Gerais. No entanto, ainda busca, assim como a maioria das outras famílias, uma indenização da Aon, empresa que teria atuado como corretora do seguro da aeronave da LaMia e da Tokio Marine Kiln, seguradora.