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O Banco de Portugal proibiu a Orey Financial de assumir novas responsabilidades perante terceiros Reuters/Toru Hanai

Dona da Orey Financial entra em plano de revitalização para renegociar dívida

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Grupo centenário quer negociar perdão de 90% a 95% dos 37,4 milhões de euros de créditos comuns e apela à renegociação de outra fatia de créditos.

A Sociedade Comercial Orey Antunes, dona de uma instituição de crédito em relação à qual o Banco de Portugal pediu a revogação da licença, avançou com um pedido no Tribunal Judicial de Comarca de Lisboa para entrar num Processo Especial de Revitalização (PER).

O objectivo é ultrapassar as dificuldades financeiras e evitar a insolvência. O grupo centenário — foi fundado em 1886 — quer negociar um perdão de dívida dos credores e fornecedores, passando a concentrar-se no transporte e logística.

O processo de revitalização, indicou a empresa num comunicado enviado na quinta-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), abrange apenas a Sociedade Comercial Orey Antunes “individualmente, a qual chamará a este plano todos os credores das suas subsidiárias” por si directamente detidas, a Orey Gestão Imobiliária e Orey Financial (a instituição de crédito).

O PER, refere ainda a empresa, “não abrange nenhuma empresa operacional da área de negócio de transportes e logística não tendo, portanto, qualquer impacto nos respectivos credores e fornecedores”.

O conselho de administração presidido por Duarte d'Orey espera que o PER decorra por um período de seis a nove meses, prevendo que depois das negociações com os credores a actividade principal do grupo se concentre na “gestão e administração de um conjunto de negócios associados ao sector de transportes e logística”.

A empresa assume que, “apesar do esforço empreendido e dos resultados obtidos” nos últimos quatros anos, a Orey Antunes continua numa situação de “desequilíbrio financeiro de curto prazo de cerca de 12 milhões de euros, o que representa um risco de liquidez, uma vez que o cash flow operacional gerado não permite fazer face ao mesmo, nem a riscos adicionais que se perspectivam materializar, os quais apesar das várias iniciativas levadas a cabo não foram possíveis de eliminar ou mitigar, nomeadamente os riscos associados ao encerramento da actividade da Orey Financial”.

Em Agosto, o Banco de Portugal apresentou ao Banco Central Europeu um pedido de revogação da autorização desta entidade financeira de crédito, proibindo-a de assumir “novas responsabilidades perante terceiros e de realizar pagamentos (excepto despesas correntes), salvo autorização do Banco de Portugal, visando assim a protecção dos direitos dos seus clientes e credores”.

A sociedade comercial que controla a Orey Financial tinha anunciado em Abril a sua saída do sector financeiro, tendo alienado a sua carteira de clientes em Espanha e denunciado os contratos que mantinha em Portugal.

No comunicado à CMVM, a empresa afirma que o plano de recuperação proposto aos credores detentores de créditos não subordinados e créditos subordinados “considera que a sociedade é susceptível de recuperação”. O grupo quer negociar para “concluir um acordo conducente à sua revitalização, através da implementação de medidas de regularização do passivo que assegurem a viabilidade da sociedade a longo prazo”.

No PER, a Orey propõe aos credores um perdão de dívida “entre 90% a 95%” dos 37,4 milhões de euros de créditos comuns (dos quais 29,6 milhões são relativos a uma emissão obrigacionista que vence em Julho de 2031). O nível do perdão dependerá da negociação com os credores, sendo que a empresa pede também um perdão de 100% dos juros, comprometendo-se a pagar “até 90 dias após o trânsito em julgado da sentença homologatória do PER”.

 Os créditos ao fisco são de 2,95 milhões de euros (dos quais 1,3 milhões são créditos tributários sob condição) e serão pagos na totalidade.

A estas dívidas somam-se 13,8 milhões de euros de créditos subordinados de outras sociedades do grupo sobre a Orey Antunes — valor que será “integralmente objecto de perdão” —, mais 4,55 milhões de euros em créditos garantidos, que “serão reembolsados em montante equivalente ao valor das suas garantias”, e ainda 4,57 milhões de euros de créditos sob condição, que a empresa quer ver perdoados entre “90% a 95%, dependendo da negociação” e com um perdão da totalidade dos juros.

A empresa tem ainda 66,9 mil euros de créditos privilegiados, que, segundo a proposta, serão pagos na totalidade.

No primeiro semestre, o grupo registou um resultado líquido de 269 mil euros, quando no mesmo período do ano passado tinha registado prejuízos de 3,41 milhões.